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Como fazer trabalho excelente com Paul Graham

Sobre as características e mistérios envolvendo um bom trabalho

Existem algumas pessoas que quando escrevem eu paro pra ler. Paul Graham é uma delas. Em Julho do ano passado ele escreveu um de seus maiores textos até hoje (literalmente 10x mais palavras que a média de seus posts). Nesse texto sobre "Trabalho Excelente", PG tenta identificar técnicas e padrões de pessoas que fizeram trabalhos excelentes em diversos campos.

Para quem não conhece, Paul Graham é um influente cientista da computação, venture capitalist e autor conhecido pelo seu trabalho com Lisp, por ter fundado a lendária incubadora de startups Y-combinator e criado o Hacker News. Paul também escreveu o livro “Hackers and Painters” e é extremamente respeitado por fundadores ao redor do mundo como uma figura icônica no Vale do Silício.

Antes que você pule esse texto, preciso adiantar que a resposta não é simplesmente "trabalhe duro". Pode ter certeza que também não vou sugerir banho gelado ou acordar antes do sol nascer. Paul Graham tinha a ambição de ir bem mais a fundo nessa questão e identificar a interseções de comportamentos que culminassem em um bom trabalho. O resultado é bem interessante e não tão trivial.

Premissas

Antes de mais nada é necessário descrever o que é um "trabalho excelente ", uma vez que não há uma definição precisa para a coisa. No nosso caso, vamos definir por fazer algo importante tão bem que você expanda a noção do que é possível para outras pessoas. Ou simplesmente, fazer algo incrível.

Os pré-requisitos mais comuns para que se realize um trabalho excelente parecem ser uma combinação de quatro fatores: pessoas muito ambiciosas, uma curiosidade ou interesse profundos, aptidão natural e espaço para se realizar um grande trabalho.

Existem alguns fatores que impedem pessoas de realizarem trabalhos excelentes. Graham identifica a modéstia e o medo como algumas das barreiras mais significantes. Muitos hesitam em tentar projetos ambiciosos por medo de falhar ou por se sentirem presunçosos ao mirar por feitos grandiosos. Essas barreiras psicológicas podem impedir as pessoas de sequer começarem. Para superar essas barreiras, Graham sugere uma abordagem otimista e reconhecer que tentativa e erro é parte natural e necessária do processo.

Como fazer um bom trabalho

São quatro passos: encontrar uma área, aprender o suficiente para chegar na fronteira do conhecimento, perceber os gaps e explorar as ideias mais promissoras. É assim que a maioria das pessoas que fez um trabalho incrível chegou lá, de físicos a pintores.

Encontrar uma área pode parecer trivial, mas não é. Pelo simples fato de que você não sabe como são a maioria dos trabalhos até você realizá-los. É capaz de você ter que trabalhar anos em alguma coisa para entender se você realmente gosta ou se você é bom naquilo. Geralmente isso funciona melhor quando se trabalha em seus próprios projetos, ou projetos onde se tenha grande gerência ou participação nos resultados.

O que fazer quando se é jovem e ambicioso, mas não se sabe com o que trabalhar? O que não fazer parece óbvio: esperar que a resposta caia no seu colo. Não existe um sistema ou processo que responda essa pergunta. Nas biografias de pessoas que fizeram trabalhos incríveis, geralmente a sorte tem um papel gigantesco. Elas descobrem no que trabalhar a partir de um encontro ao acaso, ou lendo em algum livro aleatoriamente. O que você deve fazer é se tornar um grande alvo para a sorte. E o melhor jeito de fazer isso é sendo curioso. Experimente muitas coisas, conheça muitas pessoas, leia muitos livros e faça muitas perguntas. Ou seja, siga sua curiosidade ativamente.

Um bom caminho é seguir a estranheza. Um trabalho excelente muitas vezes tem um quê de não convencional. As melhores ideias inicialmente soam estranhas, uma perspectiva compartilhada por muitos pensadores e inventores em outras épocas.

Uma vez que você conseguir definir uma área para trabalhar, sua tarefa será mergulhar profundamente em um tema para que você consiga chegar na fronteira do conhecimento e posteriormente encontrar os gaps. Esse é um processo árduo, e tanto aqui quanto no último passo, o trabalho duro tem um papel fundamental. Por isso que o interesse é uma premissa tão forte, você terá que investir muito tempo e ser muito persistente para chegar lá.

No artigo, Graham cita que é muito importante que se reconheça quem são os melhores naquele assunto. Antes de desenvolver seu próprio estilo, você precisa desenvolver seu gosto e a capacidade de identificar um trabalho bem feito. Esse processo também te ajuda a enxergar com mais facilidade quem está na na vanguarda e quais são as fronteiras do conhecimento na sua área.

Munido de interesse, trabalho duro e boas referências, sua missão passa a ser perseguir ideias boas e fora da curva. As características em comum das boas ideias é que elas: são novidades ao mesmo tempo em que são óbvias, quebram regras, parecem ruins para muitas pessoas e tem várias ramificações.

Existe um número definido de variáveis na equação do trabalho excelente: habilidade, interesse, esforço e sorte. Sorte, por definição, não há nada que a gente possa fazer para controlar, então podemos ignorá-la. Esforço já é algo dado como garantido se você de fato quer fazer um trabalho excelente. O que sobra é habilidade e interesse. Cabe a você encontrar um tipo de trabalho onde suas habilidades e interesses culminem em uma explosão de novas ideias.

Conclusão

Na minha tentativa de ser um bom curador de conteúdo, tentei trazer meus aprendizados do texto original aqui para esse post de maneira concisa. Como sempre, fica a dica para você ir ler na fonte e tirar suas próprias conclusões.

Admito que ao escrever essa conclusão percebi que gostei demais desse texto provavelmente por ter um viés confirmatório muito grande com minha forma de enxergar o mundo e o trabalho.

Meus maiores aprendizados com esse texto são a importância de seguir sua curiosidade e de se envolver com projetos que tenham algum significado pessoal. A curiosidade é importante em diversos momentos da jornada, mas ao meu ver é o combustível que vai te fazer ter resiliência e trabalhar duro quando necessário. Além disso, para mim, um dos fatores que mais torna projetos gratificantes são as pessoas e o time envolvidos.

Ao longo da minha carreira, ser extremamente curioso e tentar me envolver com pessoas que admiro sempre me trouxe resultados surpreendentes. Coincidentemente ou não, tive a sorte de conseguir fazer alguns trabalhos memoráveis ao longo dessa jornada.

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