5 Tópicos de Terça #50
5 ideias mais interessantes que seus founders favoritos aprenderam essa semana
Toda terça-feira, 5 ideias na sua caixa de entrada com a curadoria especial de seus founders favoritos (dica: Lucas e Edu).
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🥢 1. Como é a vida depois de vender a empresa
Quando eu estava prestes a vender o Real Valor para a Empiricus, me deparei com um texto do Noam Bardin (ex-CEO do Waze) falando como foi a vida depois de ser comprado pelo Google.
Fiquei absolutamente cagado de acontecer o mesmo que aconteceu com eles.
No fim, aconteceu.
Quando a gente vende a empresa, não é só sobre dinheiro (embora o dinheiro pese).
A gente vende porque:
Vê sinergias que podem ser capturadas
Vai crescer ainda mais rápido
Vai poder usar a plataforma de marketing da compradora
Vai ter acesso a um know-how complementar do business
Vai ter um orçamento maior
A gente vê tudo de bom que pode acontecer, mas se esquece das dificuldades.
Poucas pessoas falam dessas dificuldades, então eu resumi os pontos que julgo mais importantes do texto do Noam, mas recomendo que leiam na íntegra, aqui.
1. Distribuição
"We quickly learned, the hard way, that we could not get distribution from Google. Any idea we had was quickly co-opted by Google Maps."
O Waze achou que cresceria mais rápido depois de estar dentro do Google, mas perceberam que na verdade desaceleraram o crescimento depois de serem comprados. A ideia de vir pré-instalado em todo android foi de ralo. O queridinho da empresa não era o Waze. Era o Google Maps.
2. Contratar, demitir e promover
"[...]as Google employees, we were subject to all of the Corporate hiring practices. It is practically impossible to fire someone for the basic reason that you don't need this role any more. [...] Fast paced products have different needs that change all the time. There are people who are great for a stage of the company and later, do not have the right skills as the company grows. It is not their fault, it is reality. But not being able to replace them with people that do have the right skills means that people are constantly trying to “offload” an employee on a different team rather than fire them.
Isso é um dos diversos motivos que explicam como startups de poucas pessoas conseguem vencer empresas consolidadas com dinheiro infinito. A burocracia corrói essas empresas de dentro para fora.
E conviver com essa burocracia depois de passar anos e anos num ambiente fast paced é ENLOUQUECEDOR.
3. Foco
"[...] The amount of time and effort spent on Legal, Policy, Privacy - on features that have not shipped to users yet, meant a significant waste of resources and focus. After the acquisition, we have an extremely long project that consumed many of our best engineers to align our data retention policies and tools to Google. [...] An ever increasing percent of our time went to non user value creation tasks and that changes the DNA of the company quickly, from customer focused to corporate guidelines focused."
Isso conversa com o tópico que eu postei algumas semanas atrás sobre a cultura Netflix. É extremamente difícil reter talentos quando eles tem que fazer um trabalho burocrático. Essas pessoas tendem a sair. E mesmo que fiquem, a velocidade de startup vai pro cacete.
No fim, Noam Bardin explica que decidiu sair porque:
"I [...] was just worn down by the nature of the beast. [...] We start companies to build products that serve people, not to sit in meetings with lawyers. You need to be able to answer the "what have I done for our users today" question with "not much but I got promoted" and be happy with that answer to be successful in Corp-Tech. I guess that's just not me."
Se eu pudesse voltar atrás, não mudaria a minha decisão de vender para a Empiricus.
Um exit é um evento canônico na vida de um founder.
Mas mudaria a minha expectativa. É difícil capturar todas as sinergias possíveis numa aquisição. Isso é normal. O comprador sabe disso, porque ja comprou outras empresas antes.
O vendedor, muitas vezes por ser a primeira vez, vai com muita sede ao pote e acaba se frustrando.
Numa venda, ajuste suas expectativas.
🥢 2. Arquétipos dos founders LatAm
Esses dias a Atlantico publicou a versão de 2025 do seu Latin America Digital Report. Pra quem não conhece, é um report bem completo que eles fazem todo o ano dando um panorama do ecossistema, oportunidades. Tem 178 páginas e vale a pena dar uma folheada.
No meio de tantas análises, eles publicaram um estudo que fizeram junto com o pessoal da Start Carreiras mapeando os arquétipos dos founders da região. Eles conversaram com mais de 100 founders-CEOs de 140 empresas em 11 países e chegaram em 5 clusters referentes a cada arquétipo.
Segundo a Atlantico, esses são os 5 tipos de founders de startup na LatAm (e sua distribuição percentual):
Global Strategist (18%): Cresceu cruzando fronteiras, estudou em universidades globais de ponta e iniciou carreira em serviços profissionais; ancorado em missão, polido para investidores e habilidoso em estruturar entidades.
Born-to-be Founder (27%): Empreende desde cedo, muitas vezes enquanto cursa universidades domésticas; traz otimismo leve e é motivado por independência mais do que status.
Elite Operator (19%): Formação local, graduação em negócios em universidades domésticas e passagem por serviços profissionais antes do MBA; executores disciplinados e líderes hands-on rigorosos.
National Champion (26%): Totalmente “da casa”, com graduação em negócios e imersão em startups/indústrias locais; viram um problema, largaram o que faziam e construíram para resolvê-lo.
The Hacker (10%): Trajeto STEM/doméstico, sem exposição internacional ou MBA; extremamente técnico e tende a ser construtor precoce; intensamente hands-on e mais emocional.
E aí, você se enquadra em algum desses perfis?
PS: Fiquei curioso e não entendi a correlação de founders com a fauna marinha, se alguém souber me explica aí plz
🥢 3. Quote para refletir um pouquinho
“Todo mundo sabe o que funciona. Poucos continuam fazendo depois que deixa de ser interessante.”
Eu poderia até dar uma elaborada no quote, mas acho melhor deixar assim.
Reflita por conta própria.
🥢 4. Meme da semana
🥢 5. Como é o dia a dia desde criar até vender uma startup
Em 2024, decidi documentar a história completa de como foi criar e vender uma startup chamada Real Valor em 3 anos.
Foram 18 textos lançados ao longo de 18 semanas.
Semana passada, comecei a reciclar esse conteúdo no Linkedin. A ideia é que novos seguidores acabaram não lendo e eu quero que eles leiam :D.
Só que dessa vez foi diferente. Como todos os textos já foram lançados, ninguém mais precisa ficar esperando a próxima semana para saber o que que aconteceu depois.
Eis que vejo esses relatos no meu post do Linkedin:
É chegada a sua vez, nobre assinante do OFF THE GRID, de ler essa história (que eu ainda quero escrever um pouco mais e transformar em livro)
A primeiro parte do texto está aqui.
PS: Mudo meu nome para Cahuê se você ler os textos até o final e não gostar. (Tô falando sério. Se você ler até o fim e não gostar, me manda msg que eu troco meu nome no Linkedin por 1 semana)
PS: Já ouviu o último episódio do OFF THE GRID? Confere aqui.
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